O JOGO DA TRANCINHA – Foi tramóia muito popular no final do Império. Era o seguinte:
Saltava um matuto na estação de ferro D. Pedro II. Um marau (podia ser o Barbado Alemão ou o Lino Capenga) abordava-o, puxava assunto, perguntava como foi de viagem. Aí mostrava-lhe um envelope com uma trancinha de cabelos dentro – presente da Antonica, sua última conquista.
O matuto perguntava:
– Cabelo mesmo ou barbas de bode? Deixe-me ver isso. Já dizia o Cristo: “de ordinário o corte não é do mesmo pano que a amostra”.
E pedia para pegar na trancinha. Dizia que na fungada ia saber se era de donzela mesmo. E falava que não dava sossego. O marau ficava a par das últimas do compadre Bonifácio e de toda a gente de Itabirosca e arredores.
Curiosa inversão: a vítima passava a algoz aporrinhativo.
O remédio era tentar de novo. Nem todos prestam para o conto do vigário.
Um matuto (outro) saltava na estação D. Pedro II, chegava um marau e mostrava a trancinha da Antonica.
– Lá em Itabirosca não há disso!
Aí entrava um segundo marau na história – o Esmeralda ou o Padeirinho – que dizia ao primeiro:
– Amigo velho (tapinha nas costas e coisas) como vai o namoro?
– Às mil e quinhentas maravilhas. Hoje ganhei uma trancinha de presente.
– És um prosa!
– Como? Queres apostar?
– Valendo trintão.
– Me pegou desprevenido, mas o amigo aqui (o matuto) tem e não vai deixar esta passar.
O matuto apostava e entrava bem, pois a trancinha havia sido escamoteada do envelope. Terminava o conto na polícia com o delegado aconselhando o matuto a chorar na cama que era lugar quente.
Saltava um matuto na estação de ferro D. Pedro II. Um marau (podia ser o Barbado Alemão ou o Lino Capenga) abordava-o, puxava assunto, perguntava como foi de viagem. Aí mostrava-lhe um envelope com uma trancinha de cabelos dentro – presente da Antonica, sua última conquista.
O matuto perguntava:
– Cabelo mesmo ou barbas de bode? Deixe-me ver isso. Já dizia o Cristo: “de ordinário o corte não é do mesmo pano que a amostra”.
E pedia para pegar na trancinha. Dizia que na fungada ia saber se era de donzela mesmo. E falava que não dava sossego. O marau ficava a par das últimas do compadre Bonifácio e de toda a gente de Itabirosca e arredores.
Curiosa inversão: a vítima passava a algoz aporrinhativo.
O remédio era tentar de novo. Nem todos prestam para o conto do vigário.
Um matuto (outro) saltava na estação D. Pedro II, chegava um marau e mostrava a trancinha da Antonica.
– Lá em Itabirosca não há disso!
Aí entrava um segundo marau na história – o Esmeralda ou o Padeirinho – que dizia ao primeiro:
– Amigo velho (tapinha nas costas e coisas) como vai o namoro?
– Às mil e quinhentas maravilhas. Hoje ganhei uma trancinha de presente.
– És um prosa!
– Como? Queres apostar?
– Valendo trintão.
– Me pegou desprevenido, mas o amigo aqui (o matuto) tem e não vai deixar esta passar.
O matuto apostava e entrava bem, pois a trancinha havia sido escamoteada do envelope. Terminava o conto na polícia com o delegado aconselhando o matuto a chorar na cama que era lugar quente.